Depois das demissões em massa na comissão técnica do Grêmio e a resposta indignada do zagueiro Kannemann, foi a vez do técnico Renato Gaúcho se posicionar sobre o assunto. Ele retornou de férias na segunda-feira e concedeu entrevista coletiva nesta terça, no CT Luiz Carvalho. Segundo o treinador, “não tem nada errado” e as hierarquias precisam ser respeitadas.
Como a direção se baseou em decisões colegiadas, o comandante do vestiário alega que nada poderia fazer. Ou seja, são assuntos tratados “de cima para baixo”. Além disso, citou uma conversa com o elenco para encerrar qualquer tipo de polêmica.
– Não tem nada errado. O Kannemann se precipitou. Imaginou que era uma coisa e não era. O vestiário está às mil maravilhas. Nunca fugiu do controle e nunca vai fugir. Todo mundo estava ciente do que poderia acontecer. Não sei essa surpresa toda de vocês (imprensa). Qual empresa não demite gente? É uma coisa normal. Aqui no Grêmio nunca tivemos problemas com ninguém. Está tudo 100% – garante o treinador.
“Nós somos pagos para trabalhar, dar títulos e o melhor para o clube. Não temos que ficar nos metendo em decisões lá de cima. Esses assuntos já estão esquecidos. Não vamos mais tocar nele” (Renato Gaúcho)
Na semana passada, o clube surpreendeu ao divulgar a saída de sete profissionais de seu estafe. O presidente Romildo Bolzan Júnior explicou a decisão unicamente por um processo de gestão, como em qualquer outra empresa.
Um dia depois, Kannemann assumiu a figura de todo o grupo e falou sobre o descontentamento com as demissões. Citou que há pessoas que só “cumprem horário” e ficaram. Chegou a demonstrar “raiva” pela situação. Renato rechaçou que o Grêmio esteja em crise.
– Sempre falei que enquanto eu estiver aqui não vai ter crise. Tenho um presidente que me apoia, uma diretoria que conversamos diariamente. Se me perguntar de crise desde que cheguei, tenho que ir no dicionário buscar. Onde que estão vendo crise no Grêmio? Vocês, como profissionais, têm direito de perguntar e comentar, mas não podem querer achar minhoca no asfalto – acrescentou.
“Está tudo sob controle, tudo certo. O Kannemann é nosso pitbull dentro e fora do campo. Conversei com ele. Interpretou de maneira errada as decisões. Somos pagos para trabalhar, dar títulos, os melhores resultados para o clube. Não temos que opinar e nos meter em uma decisão de cima. Esses assuntos todos já estão esquecidos. Conversei com o grupo. Não vamos mais tocar neste assunto porque não é problema nosso.”
Hierarquia
“Não vou entrar em detalhes. O que falei foi que no fim do ano entraria de férias, faria o procedimento, que nem sabia se seria o treinador em 2020. Ele (presidente) estava me informando, todos os dias, mas estava de férias. Nem eu sabia se seria o treinador, mas as decisões já tinham sido tomadas. Fico triste, eram meus amigos. Eu trouxe em 2010 para o profissional alguns, mas qual empresa não demite? Parece que o Grêmio é o único clube que demitiu profissionais. Existe hierarquia. No clube, quatro ou cinco cabeças pensam melhor que uma. Se não estivessem 100% as coisas, estaria preocupado. Mas está 100%. Em todos os sentidos. A gente poderia falar de contratações, de grandes jogadores que chegaram e que poderão chegar. Estamos remoendo uma entrevista de coisas que já aconteceram e já foram explicadas.”
Contratações
“Lógico que passa pelo treinador. Quando entrei de férias, falei que gostaria de contar com esses jogadores. Deixei para o Klauss (Câmara, executivo), juntamente com o presidente. Fizeram um excelente trabalho, trouxeram jogadores que precisávamos. Fortalecemos ainda mais. Sempre com os pés no chão. Não adianta fazer loucuras, como fala o presidente. Não é fácil encontrar jogadores. Quando encontra, são muito caros. Mas temos um grupo forte mesmo assim.”
Diego Tardelli
“O Tardelli fui o primeiro a comprar o barulho para trazer, desejei trabalhar com ele e sempre foi vitorioso. Infelizmente, não jogou no Grêmio o que jogou em outros clubes. Aconteceu. No momento que um jogador não consegue se adaptar, a melhor coisa para os dois lados é ir para outro clube. Tentamos de tudo. Ele sabe o carinho que tenho, mas infelizmente teve alguns problemas sérios fora do campo. E talvez isso tenha atrapalhado ele dentro do campo. Qualidade sempre teve. Não tem um treinador ou jogador que não fale que ele é acima da média.”
Luan
“Todo mundo sabe o carinho que tenho por ele, ajudei muito. E ele nos ajudou muito. Fazia dois anos que não conseguia jogar no Grêmio, por problemas físicos e de lesão. Todo mundo tem o maior carinho. Mas para a profissão do Luan, para ele, a melhor coisa no momento era buscar ares novos. Foi para um grande clube, que disputa tudo e é forte também. Espero que possa recuperar todo o futebol dele.”
Globo Esporte
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