O Mapa da Água, divulgado na última segunda-feira (7), aponta que a água fornecida para a população de São Miguel do Iguaçu e outros municípios da microrregião apresentava, entre os anos de 2018 e 2020, substâncias em quantidade acima do indicado para saúde humana.
Os dados que compõem o mapa são resultados de testes feitos pelas empresas e instituições responsáveis pelo abastecimento. Eles integram a base de controle do Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano, o Sisagua, do Ministério da Saúde. Os dados foram interpretados de acordo com os parâmetros do Ministério da Saúde.
Na água consumida pelos medianeirenses foi detectada uma substância acima do limite de segurança, com riscos de gerar doenças crônicas, como o câncer; e duas outras que também geram riscos à saúde.
Detecções ACIMA DO LIMITE DE SEGURANÇA na água de Medianeira (PR) entre 2018 e 2020:
Substância(s) com o(s) maior(es) risco(s) de gerar doenças crônicas, como câncer:
– 2, 4, 6 Triclorofenol (Subprodutos da desinfecção)
O 2,4,6 Triclorofenol é classificado como provavelmente cancerígeno pela Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos. Sua avaliação indica que essa substância pode produzir linfomas, leucemia e câncer de fígado via exposição oral. Pode ser formada a partir do processo de desinfecção, quando o cloro é adicionado à água. Ela é utilizada como anti-séptico, agrotóxico para preservar madeira e o couro e como tratamento anti-mofo. Também é usada na fabricação de outros produtos químicos.
Substância(s) que também gera(m) riscos à saúde:
-Ácidos haloacéticos total (Subprodutos da desinfecção)
Os ácidos dicloroacético, tricloroacético, bromoacético e dibromoacético são classificados como possivelmente cancerígeno para humanos pela Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (IARC), órgão da Organização Mundial da Saúde. Em altas concentrações, os ácidos haloacéticos também podem gerar problemas no fígado, testículos, pâncreas, cérebro e sistema nervoso. Os ácidos haloacéticos são classificados como subprodutos da desinfecção, formado quando o cloro é adicionado à água para matar bactérias e outros microorganismos patogênicos.
-Trihalometanos Total (Subprodutos da desinfecção)
Os trihalometanos são um grupo de compostos químicos e orgânicos que derivam do metano. Ele inclui substâncias como o clorofórmio, classificado como possivelmente cancerígeno pela Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (IARC). A exposição oral prolongada a esta substância pode produzir efeitos no fígado, rins e sangue. Os trihalometanos são utilizados como solvente em vários produtos (vernizes, ceras, gorduras, óleos, graxas), agente de limpeza a seco, anestésico, em extintores de incêndio, intermediário na fabricação de corantes, agrotóxicos e como fumigante para grãos. Alguns países proíbem o uso de clorofórmio como anestésico, medicamentos e cosméticos.
Detecções ACIMA DO LIMITE DE SEGURANÇA na água na MICRORREGIÃO – entre 2018 e 2020:
São Miguel do Iguaçu
Substância(s) com o(s) maior(es) risco(s) de gerar doenças crônicas, como câncer:
– 2, 4, 6 Triclorofenol (Subprodutos da desinfecção)
Substância(s) que também gera(m) riscos à saúde:
– Ácidos haloacéticos total (Subprodutos da desinfecção)
– Trihalometanos Total (Subprodutos da desinfecção)
Serranópolis do Iguaçu
Substância(s) com o(s) maior(es) risco(s) de gerar doenças crônicas, como câncer:
– Aldrin + Dieldrin (Agrotóxicos)
– Clordano (Agrotóxicos)
Substância(s) que também gera(m) riscos à saúde:
– Antimônio (Substâncias Inorgânicas)
– Mercúrio (Substâncias Inorgânicas)
Ramilândia
Substância(s) com o(s) maior(es) risco(s) de gerar doenças crônicas, como câncer:
– Clordano (Agrotóxicos)
– 2, 4, 6 Triclorofenol (Subprodutos da desinfecção)
Substância(s) que também gera(m) riscos à saúde:
– Trihalometanos Total (Subprodutos da desinfecção)
Vera Cruz do Oeste
Substância(s) que também gera(m) riscos à saúde:
– Ácidos haloacéticos total (Subprodutos da desinfecção)
Os testes são feitos pelas empresas ou órgãos de abastecimento e enviados ao Sisagua (Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano), banco de dados do Ministério da Saúde que reúne informações de todo o país.
As “substâncias com os maiores riscos de gerar doenças crônicas, como câncer” são as que têm maior evidência de risco à saúde. Elas são listadas como “reconhecidamente” ou “provavelmente” cancerígenas, disruptoras endócrinas (que desencadeiam problemas hormonais) ou causadoras de mutação genética. Essas classificações de risco são da Organização Mundial da Saúde ou das agências regulatórias da União Europeia, Estados Unidos, Canadá e Austrália.
Já o segundo grupo “substâncias que geram riscos à saúde” reúne todas as outras que também oferecem risco, segundo a literatura internacional e o Ministério da Saúde. Entre elas estão as “possivelmente” cancerígenas”, além das que podem causar doenças renais, cardíacas, respiratórias e alteração no sistema nervoso central e periférico.
Os critérios para fixar os limites de segurança para cada substância na água são do Ministério da Saúde, assim como a lista de substâncias que devem ser testadas na água de 2 a 4 vezes por ano.
Os riscos são maiores para quem bebe a água imprópria de forma contínua, ou seja, diversas vezes ao longo de meses ou anos. Casos em que a mesma substância aparece acima do limite nos três anos analisados (2018, 2019 e 2020).
Fonte: Repórter Brasil – Mapa da Água
Portal Costa Oeste